quarta-feira, 28 de março de 2012

Millôr Fernandes

"Que foi isso, de repente? Nada; dez anos se passaram. Não diga! Se somaram? Se perderam? Algumas relações se aprofundaram? Se esgarçaram? Onde estávamos? Onde estamos? E...aonde vamos? O tempo, em lugar nenhum e em silêncio, passa. É inegável - todos temos mais dez anos agora. Ainda bem, poderíamos ter menos dez. Tudo nos aconteceu. Amamos, disso temos certeza. E fomos amados - onde encontrar a certeza? Avançamos aqui materialmente, ali não, nos realizamos neste ponto, em outros queríamos mais, algumas coisas tivemos mais do que pretendíamos ou merecíamos - mas isso é difícil de reconhecer. Perdemos alguém - "Viver é perder amigos". No meio do feio e do amargo, no tumulto e no desgaste, tivemos mil diminutos de felicidade, no ar, no olhar, na palavra de afeto inesperado, que sei? Espera, eu sei. É a única lição que tenho a dar; a vida é pequena, breve, e perto. Muito perto - é preciso estar atento.


Genial expressão de quem com palavras bem dosadas, irônicas e inteligentes, sabia explicar com tanta clareza e com singela simplicidade, sentimentos tão complexos, como o transcorrer do tempo e a felicidade nos "diminutos momentos".
Sempre concordei, o razoável é vivermos com a certeza de que não importa a grandeza dos momentos ou a busca utópica de uma felicidade inatingível. Não existe felicidade eterna e tampouco dor intransponível, mas momentos que ficarão para sempre em nossas lembranças.
Vamos exercitar a felicidade?

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